Pensamento feito com base em um texto e um filme sobre o Fordismo. A idéia era fazer uma reflexão sobre o tema, mas tentando encaixá-lo no seu (no caso meu) modo de ver e pensar o mundo...
2008. Como é bom o século XXI. Temos carros, infra-estrutura, geladeiras, comidas congeladas e fogão. Sempre perto existem supermercados, lojas de jóias, roupas e perfumes. Os chamados artigos de primeira necessidade. Mas é claro que não podemos esquecer que para ter acesso a estes pequenos itens temos que trabalhar.
Vamos levar em consideração um garoto de 24 anos que já está fazendo a sua Pós. Ele estudou todo este tempo e quase sempre sem poder escolher nada. Diziam o que ele teria de matéria, e ele aceitava. Diziam o que ele iria comer e ele aceitava. Estipularam horários para cada parte de seu dia. - Às 7 você entra, às 9 joga futebol, às 10 toma café e às 13 horas já pode ir embora. Agradável não? Depois em casa tinha o horário de fazer o dever, o de ver TV e o de dormir. Realmente a sua opinião sempre foi relevante.
Ele cresceu, se formou e agora trabalha apenas 10 horas por dia. E não podemos nos esquecer da Pós, pois só assim ele será diferente dos demais. Trabalhando de segunda a sábado 10 horas por dia, ele não dispensa o chopp no final da sexta-feira. Todos engravatados, com sapatos italianos e camisas da Giorgio Armani. Os bares não são mais um local de se tomar um chopp ou de relaxar. Eles são locais onde se pode mostrar o poder, o seu nível na sociedade. Este é o momento em que o outro, trabalhador sem Pós, sem grandes ambições e que sai de chinelo ser escorraçado, visto como uma roda fora da engrenagem. Nos bares já percebemos a hierarquia. Os bem vestidos tomam uísque 12 anos e se agüentarem um chopp, enquanto os menos favorecidos se contentam com uma cerveja resfriada no bar da frente. E isso sem falar nos que trabalham nos bares.
Bom, mas se pensarmos, o bar é só de sexta, e ele não poderá esperar tanto tempo, porque afinal, ele tem que ser feliz e se sentir bem para ir trabalhar. Ora, se alguém trabalha às 8 da manhã, almoça às 13, volta às 14 e vai até às 18, ainda tem o resto da noite para a diversão. Então por que não começar a academia para ficar lindo e com uma aparência saudável? Na academia o seu dia também é dividido por tempo ou repetições. Segunda braço, terça perna, quarta costas e assim por diante. O treinador te da uma penca de exercícios. 20 repetições de 12 vezes. 3 séries de 15. E assim vai. Duas horas se passam e pronto, está liberado para jantar. E certamente com a cabeça e o corpo tranqüilo.
No jantar não se pode comer carboidratos porque engorda. Então se come folhas, sucos naturais, frangos grelhados. Tudo isso para se manter no peso. Também não se pode comer tarde e dormir, porque deitar com a barriga cheia faz mal. Enfim, não se pode nada. Não se pode escolher o que se come. Só se come o que dizem que é bom.
No dia seguinte a rotina é a mesma. Trabalho, almoço, trabalho, e quem sabe dar aquela espiadinha no Orkut, para ver se aquela gata te deixou um mensagem. Não, nada disso. O acesso foi negado. Por que perder tempo vendo coisas fúteis se o importante na empresa é trabalhar? Aliás, hoje rastreiam e-mails, grampeiam telefones e bloqueiam links de seu gosto. As suas ligações são rastreadas e caso você ultrapasse o limite de minutos, receberá uma notificação. No prédio de seu escritório existes milhares de câmeras que não deixam você beijar a secretária, que te impede de ir a cobertura ver a paisagem e que identificam seu carro, seu terno e sua pasta.
Se pensarmos bem, nem o seu dinheiro é seu. Você o deixa em um banco, em que o gerente escolhe como aplicá-lo e onde. E depois diz que é para o seu bem, e que é para ele (dinheiro) não ficar parado.
Não evoluímos muito em relação ao início do fordismo. Ainda estamos nele, e ele é o nosso contidiano, é uma necessidade. Não há como não olhar um relógio. Nem como fugir das regras estipuladas pelas empresas. Por estes motivos, será que estamos tão distantes de 1914?
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3 comentários:
"Hey, Teacher leave those kids alone!"
Petronin, meu querido... MUI-TO-BOM!
Talvez isso se chame analogia, or something like that, mas quero falar de Nietzsche e os tais espíritos livres, sobre Clarice Lispector e não caber em si mesmo... Muito assunto pra falar, pouco ócio pra me permitir organizar.
Essa sensação da gravata sufocando mesmo sem estar usando uma... Sociedade devia ter como sinônimo "empáfia" (ai, foi o que veio á cabeça)... As pessoas avaliam o outro pela carcaça e não pela essência... Quantas essências verdadeiras se perdem assim, por medo de errar diante da sociedade...
Fiquei rebelde!
E termino com a frase, da qual me apropriei, com a sua benção:
"Liberdade é pouco.
O que eu desejo ainda não tem nome."
"a qual" me apropriei, eu acho.
CRI CRI CRI
(sons do silêncio...)
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