terça-feira, 21 de julho de 2009

A volta de quem ainda não voltou

Janeiro de 2008. Mês de minha decadência futebolística.
Foi em uma segunda-feira que perdi uma das minhas maiores alegrias na vida. O futebol.
Parece muito dramático falar isso, mas não é. Esta perda foi praticamente à mais triste de minha vida até agora. Já tive lesão em outro joelho(direito), mas mesmo com o longo tempo de inércia, o problema era menor. Este segundo golpe foi muito mais duro do que o anterior.
Passados 9 meses, muitos deles em fisioterapias, academias, sonhos e dores, eu voltei. Mas não voltei.
O joelho acusa cada golpe. Não é mais possível acompanhar o atacante. A bola está sempre longe. Toda hora um estalo é ouvido.
Meu segundo jogo na linha foi marcado pelo péssimo futebol. Passes ridículos, tempo de bola pífio e uma dor incessante na parte posterior do joelho.
Ainda é cedo para dizer que nunca mais jogarei futebol igual antigamente, mas cada dia que passa, e envelheço, o retorno apoteótico fica mais longe.
Só me resta torcer e pensar que tudo isso não passa de um problema temporário, apesar de muitas vezes pensar o contrário.

Por: Marty McFly

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Comunista

COMUNISTA: Escrevi isso ontem, dá uma olhada. Intitula-se «Contribuições à análise do fim da sociedade de classes».Você pode acreditar que meus colegas e parentes se negaram a subsidiar esse trabalho?

AMIGO DO COMUNISTA: Por que você precisa de subsídio?

COMUNISTA: Tá brincando? Meu trabalho deveria interessar a todos eles, de vez que somos todos vítimas da reificação do capital. Isso lhes diz respeito diretamente!

AMIGO DO COMUNISTA: E se eles não concordarem com a sua análise?

COMUNISTA: Não me surpreenderia! Eles não são mais que burgueses conformados! Não entendem que também sofrem sob o capitalismo! São ignorantes e ajudam a direita.

AMIGO DO COMUNISTA: Mas você aceitaria o dinheiro deles.

COMUNISTA: O que você quer que eu faça, sofra?


(Inspirado numa tira de Calvin & Hobbes)

Por: Fábio Lacerda

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Eu sei que eu não sou!


Ser medíocre. Assumir tal estado deveria ser levado em consideração ou acreditar que você realmente decide alguma coisa é mais importante para a sua vida? Me pergunto isso, pois aqui, onde trabalho, há um CRETINA que se sente bem quando a chefe sai. Adora falar alto, mostrar que decide, levantar da cadeira esbaforida e reclamar a cada toque de telefone.
O teatro é importante na manutenção da carreira, coisa que nunca fiz e nem farei, mas para seres medíocres a intenção é válida.
Olho para a triste imbecil sentada a minha frente. Uma garotinha de 22 anos que adora retrucar minhas críticas, tanto no futebol quanto sobre a obrigatoriedade do diploma em PUBLICIDADE.
Se eu falo que o Rogério Ceni é um bosta, ela retruca e fala que o Corinthians não tem goleiro. Se falo que diploma serve só pra dar dinheiro para faculdades de publicidade, ela se defende dizendo que a faculdade é muito importante na formação das pessoas.
Esta frase me faz refletir sobre ela. A imbecil maldita. Que que ela aprendeu na faculdade? Seguir ordens pra alterar sites de filmes? A bolar promoções - Nas compras acima de 2000 reais ganhe um ingresso de cinema?
Sinceramente a cretinice humana é grande. E pior que a cretinice, sem dúvida, é a medíocridade. É o fato de não aceitar ser um mero lixo. É não aceitar ser um ser insignificante no mundo, ser apenas, mediana, medíocre.
Eu sou assim, sou um lixo no meio de muitos, mas aceito isso. Nunca me deslumbrei com a TV, achando que aquela merda fosse importante no mundo. O ceticismo me afasta dos sonhos, mas me faz encarar mais friamente o cotidiano e a dar valor para pequenos momentos na vida.
O problema é não aceitar ser babaca, é se enganar por toda a vida, achando que você é algo que você não é.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Prazer, transeunte...


Andar. Aprendemos tal arte com poucos meses de vida. Com o passar do tempo, em nossa caótica cidade, vamos esquecendo como se faz e o que realmente significa. A ação repetida milhares de vezes por milhões de transeuntes (entenda transeunte por seu significado mais usual) vem se tornando cada vez mais difícil, não só pelas distâncias a serem percorridas, mas pelos outros que não fazem questão de valorizá-la.
Andar por míseros quilômetros em uma das regiões mais ricas de São Paulo é uma tarefa para heróis, fenômenos. A dura missão possui diversos agravantes, que vão desde motoristas em carros possantes, Vidas Lokas em motos, calçadas, ou melhor, a falta destas criaturas insignificantes, e o que mais preocupa o mundo das grandes vias, as pessoas.
Não é fácil ser rico, ter seu Audi e trabalhar em grandes salas em monstruosos empreendimentos. A falta de tempo e o bendito stress não os deixam pensar no mundo para fora de seus vidros. Aliás, para fora de seus vidros só se encontram concorrentes. Animais que querem roubar seu lugar perto da faixa. A convivência com outros seres no infernal tráfego diário o deixa mais puto ainda.
No meio da guerra entre o ser condutor e seu veículo, estão bípedes que ainda recordam, e por mais incrível que possa parecer, ainda se utilizam do andar. Pobres seres.
A capital paulista não é capaz de fazer um parque com um banco. E se algum local para se sentar é construído, não há caminho para que se chegue até ele. Só a grama o leva até seu almejado destino. As calçadas dos grandes prédios são esburacadas, apesar de seus vidros serem limpos todos os dias.
Saindo dos restos de concreto que recebem o nome de calçada, as ruas não possuem sinalização adequada para pedestres. Aliado a isso está a péssima vontade de cooperação. Motos fazem questão de acelerar ao ver uma senhora atravessando num farol verde. Claro que a senhorinha não deveria se arriscar numa rua central da maior cidade brasileira, mas será que a reação teria que ser esta? Não haveria um modo de ser mais humano, ou pelo menos tentar aceitar o fato de que a senhora sai de casa e não sabe se conseguirá chegar ilesa de umas compras?
Os nossos atos estão totalmente atrelados à educação. E pelo que se vê, a bendita está cada vez mais esquecida. Para os andantes, o fim está próximo. Tirem fotos, gravem vídeos para os filhos e netos. A partir de hoje seremos transeuntes* de uma cidade movida à gasolina.

* Que passa; que não permanece; PASSAGEIRO; TRANSITÓRIO.

segunda-feira, 6 de julho de 2009