segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

2008 ou 1914?

Pensamento feito com base em um texto e um filme sobre o Fordismo. A idéia era fazer uma reflexão sobre o tema, mas tentando encaixá-lo no seu (no caso meu) modo de ver e pensar o mundo...


2008. Como é bom o século XXI. Temos carros, infra-estrutura, geladeiras, comidas congeladas e fogão. Sempre perto existem supermercados, lojas de jóias, roupas e perfumes. Os chamados artigos de primeira necessidade. Mas é claro que não podemos esquecer que para ter acesso a estes pequenos itens temos que trabalhar.
Vamos levar em consideração um garoto de 24 anos que já está fazendo a sua Pós. Ele estudou todo este tempo e quase sempre sem poder escolher nada. Diziam o que ele teria de matéria, e ele aceitava. Diziam o que ele iria comer e ele aceitava. Estipularam horários para cada parte de seu dia. - Às 7 você entra, às 9 joga futebol, às 10 toma café e às 13 horas já pode ir embora. Agradável não? Depois em casa tinha o horário de fazer o dever, o de ver TV e o de dormir. Realmente a sua opinião sempre foi relevante.
Ele cresceu, se formou e agora trabalha apenas 10 horas por dia. E não podemos nos esquecer da Pós, pois só assim ele será diferente dos demais. Trabalhando de segunda a sábado 10 horas por dia, ele não dispensa o chopp no final da sexta-feira. Todos engravatados, com sapatos italianos e camisas da Giorgio Armani. Os bares não são mais um local de se tomar um chopp ou de relaxar. Eles são locais onde se pode mostrar o poder, o seu nível na sociedade. Este é o momento em que o outro, trabalhador sem Pós, sem grandes ambições e que sai de chinelo ser escorraçado, visto como uma roda fora da engrenagem. Nos bares já percebemos a hierarquia. Os bem vestidos tomam uísque 12 anos e se agüentarem um chopp, enquanto os menos favorecidos se contentam com uma cerveja resfriada no bar da frente. E isso sem falar nos que trabalham nos bares.
Bom, mas se pensarmos, o bar é só de sexta, e ele não poderá esperar tanto tempo, porque afinal, ele tem que ser feliz e se sentir bem para ir trabalhar. Ora, se alguém trabalha às 8 da manhã, almoça às 13, volta às 14 e vai até às 18, ainda tem o resto da noite para a diversão. Então por que não começar a academia para ficar lindo e com uma aparência saudável? Na academia o seu dia também é dividido por tempo ou repetições. Segunda braço, terça perna, quarta costas e assim por diante. O treinador te da uma penca de exercícios. 20 repetições de 12 vezes. 3 séries de 15. E assim vai. Duas horas se passam e pronto, está liberado para jantar. E certamente com a cabeça e o corpo tranqüilo.
No jantar não se pode comer carboidratos porque engorda. Então se come folhas, sucos naturais, frangos grelhados. Tudo isso para se manter no peso. Também não se pode comer tarde e dormir, porque deitar com a barriga cheia faz mal. Enfim, não se pode nada. Não se pode escolher o que se come. Só se come o que dizem que é bom.
No dia seguinte a rotina é a mesma. Trabalho, almoço, trabalho, e quem sabe dar aquela espiadinha no Orkut, para ver se aquela gata te deixou um mensagem. Não, nada disso. O acesso foi negado. Por que perder tempo vendo coisas fúteis se o importante na empresa é trabalhar? Aliás, hoje rastreiam e-mails, grampeiam telefones e bloqueiam links de seu gosto. As suas ligações são rastreadas e caso você ultrapasse o limite de minutos, receberá uma notificação. No prédio de seu escritório existes milhares de câmeras que não deixam você beijar a secretária, que te impede de ir a cobertura ver a paisagem e que identificam seu carro, seu terno e sua pasta.
Se pensarmos bem, nem o seu dinheiro é seu. Você o deixa em um banco, em que o gerente escolhe como aplicá-lo e onde. E depois diz que é para o seu bem, e que é para ele (dinheiro) não ficar parado.
Não evoluímos muito em relação ao início do fordismo. Ainda estamos nele, e ele é o nosso contidiano, é uma necessidade. Não há como não olhar um relógio. Nem como fugir das regras estipuladas pelas empresas. Por estes motivos, será que estamos tão distantes de 1914?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Entrevista com o Maestro Júlio Medaglia

Segue uma entrevista da Revista Bravo, 6/10/08, feita pela jornalista Marina Mantovanni...

Maestro, compositor e interessado por cultura em geral, Júlio Medaglia foi um dos idealizadores da Tropicália. Suas opiniões sempre carregadas de provocação e cheias de argumentos o tornam também um crítico respeitado. No alto de seus 70 anos, ele ataca o rap e a música brasileira sem delongas. Leia!

Você se especializou em música erudita e estudou regência na Alemanha. Como foi o seu primeiro flerte com a música popular?

A MPB sempre me interessou por sua originalidade, criatividade, diversidade de linguagens e importância na movimentação cultural brasileira como um todo.
Quando e como se deu seu contato com a Tropicália? Quais eram os seus ideais musicais quando se juntou a este movimento de vanguarda? Eu não me "juntei" ao movimento tropicalista. Estive presente na sua própria criação. Eu havia composto a música para uma peça de teatro de Bráulio Pedroso para Cacilda Becker (a maior atriz brasileira da época) e Walmor Chagas (seu marido) chamada "Isso Devis Ser Proibido". Caetano assistiu à peça e à gravação em estúdio e se aproximou de mim. Trouxe um projeto musical que desenvolvemos, o qual resultou em meu arranjo para a gravação da música "Tropicália", que deu origem ao movimento – fins de 1967 / início de 68. Se a Bossa Nova havia sido um movimento de implosão da música brasileira, de "filtragem" de elementos, o Tropicalismo foi o contrário. Uma explosão de componentes que minava o campo para criar condições para o surgimento de um novo pensamento cultural mais diversificado em termos artísticos, técnicos, comportamentais, sociais e humanos.

Na década de 60, as emissoras de tevê propagavam a MPB por meio dos festivais, nos quais, aliás, você participou ativamente da organização de alguns. Por que hoje os canais abertos não têm um interesse maior na divulgação da cultura nacional? De onde vem esse marasmo em que vivemos? Em termos de novidades e criatividade, o que acha da música brasileira hoje?

Os anos 60 foram incandescentes no mundo todo. Foi um período muito criativo em todas as áreas culturais. No final do século XX, porém, cresceu de tal maneira a produção da indústria eletrônica em todo o mundo que perdeu-se uma relação saudável com a criação espontânea. Os produtores, não sabendo lidar com o talento humano, resolveram, eles mesmos, criar seus próprios monstrengos para serem comercializados com rapidez e descartados logo. A crise de criatividade é mundial e em todas as áreas. A criatividade, porém, não diminuiu. Só faltam os meios para que ela possa se exibir. Aos poucos, quando o processo de imbecilização coletiva via eletrônica estiver cansando, as pessoas irão procurar novas idéias e verão que muita coisa boa continuou sendo feita.

E a internet? Você acha que o fato de ela abrir espaço e facilitar a difusão de muitos artistas, pode banalizar a música ou fazer com que as pessoas tenham mais contato com a diversidade e, por conseqüência, consigam expandir mais os conhecimentos sobre o assunto?

A internet é burra. Ela não provoca nada. Você aperta um botão e encontra toda a filosofia de Kant nela. Não significa que todo mundo vá virar filosofo por causa disso. As provocações são externas. No mais das vezes movidas por interesses mercadológicos. As únicas 4 grandes gravadoras que restaram – e engoliram todas as outras – não possuem mais diretores artísticos. Só diretores de marketing. Cultura virou um produto igual a absorvente feminino. Há que se usar pouco e jogar fora logo. As novas gerações é que têm que desenvolver um senso crítico diante dessa nova realidade e se dar conta que a criatividade humana é rica e não se resume àquela meia dúzia de produtos e modelitos que a indústria dos bens de consumo quer nos viciar e fazer consumir imbecilmente. Ou acordam ou em breve estarão todos babando na gravata...

Na década de noventa, Chico Science foi um dos porta-vozes do que ficou conhecido como movimento Mangue Beat. Qual a sua opinião sobre a música que ele fazia e que se tornou um molde para novos músicos?

Foi um dos raros movimentos musicais da década, repleta de duplas caipiras – no fundo bolerões bregas dignos só de puteiros de cais de porto de quinta categoria – e dos chamados "pagodes" – cuja música toda não valia uma pausa de uma composição do Cartola. O MB foi um dos raros e saudáveis acontecimentos da década.

Os eruditos se dividem entre aqueles que respeitam o rap e os que não gostam nenhum pouco. Em uma entrevista, o senhor revelou pertencer ao segundo grupo. Qual é a sua opinião sobre o gênero?

95% do rap é um lixo. Quando o negro norte-americano quis mostrar que "era gente", foi buscar dentro de si o que havia de belo para exibir à sociedade que o hostilizava. Com isso nasceu o jazz, a mais importante linguagem musical daquele país. Quando o negro mais recentemente quis fazer uma música baseada no rancor, saiu essa droga. Uma verborragia interminável, medíocre e democrática (pois qualquer imbecil pode fazê-la). Boa parte do negro brasileiro hoje fica imitando em todos os detalhes a cultura do hip-hop, se tornando colono do negro norte-americano "que não deu certo na vida" e que fica puxando fumo na periferia de Los Angeles, dizendo que a sociedade está contra ele. É uma tristeza ver o negro brasileiro trair suas raízes, matar Zumbi outra vez – já que o hip-hop não tem nada de africano – e ficar macaquiando uma cultura medíocre importada, que aqui chega através de uma indústria cultural tocada a marketing externo de um país que tem história diferente do nosso.

Hoje, o que escuta de novidade e que traz para a sua música?

A música para mim é um fenômeno amplo, parte da grande ação cultural do homem. Me interessa qualquer tipo de música, desde que seja feita com talento e criatividade e que possa ter importância cultural.

Essa é para finalizar e para matar uma curiosidade: rola um rumor de que você encontrou os Sex Pistols quando eles vieram ao Brasil nos anos 70, é verdade? Como aconteceu essa história?

Eu era diretor da Rádio Roquette Pinto do Rio em meados dos anos 70. Seu FM chegou a segundo lugar de audiência pois tínhamos programas muito provocadores nessa banda sonora, o que não era muito comum. As FMs só tinham "som de ante-sala de destista". Até programas de música clássica, apresentados pelo Big Boy, o maior disc-jockey da época, eram populares. A meninada ouvia a rádio. Quando o Sex-Pistols aparecerem no Rio, os levei ao estúdio e lá eles se encontraram com representantes de nossa audiência jovem e foi um grande barato. Mas o meu rockeiro predileto foi mesmo Frank Zappa, de quem fui colega de estudos na Alemanha...

SHOW DE UM DOS MESTRES

Mudando o foco de personagem, já que até anteontem apenas a Dona Érica comentava e lia - eu não quero te excluir do programa - e agora tive a pseudoentrada de Felipe SAl (eu acho), vou botar uma dica cultura:

Dia 28/01
Estúdio SP - Rua Augusta 591, centro
Show do PEQUENO WILSON DAS NEVES, porque o SOM QUENTE É O DAS NEVES!!!
Quanto: de R$ 15 a R$ 25.
3129-7040, a partir da meia-noite


Isto é pouco para vocês?

Bjos e Abraços...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Devaneios tolos de tardes ao trabalho

Adoraria viver em um país onde se pode andar de metrô tranquilamente, onde haja ciclovias e alternativas para o caótico trânsito diário. Mas cada dia passado pelos bares e pelas ruas porcas eu penso que não conseguiria mudar de vida. Já pensou em não poder ver o sol? Em não poder sentar um um belo buteco de chinelos? Em ouvir um samba, ou até mesmo a merda de um pagode nojeto. (e boa nojento nisso). Até o pagode seria motivo de saudades. As mulheres do mundo não são como as de cá. Elas podem ser bonitinhas, ter costumes diferentes, mas não tem o gingado nacional. Por enquanto deixarei o exterior para os mais necessitados. Eu ainda prefiro minha praia à 2 horinhas. O encanto das palmeiras onde cantam os sabiás e do Pacaembú aos gritos de Não Pára, Não Pára, Não Pára. Como eu renunciaria às noites tropicais com os pés na areia?

Sem conclusão alguma....

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Síntese para Érica em 7 versos (rs)

Não é uma letra. Não é um significado. A música não é significativa só porque tem uma letra que te faz lembrar um amor, ou algo feliz. O tema pode ser o amor, mas ela pode te remeter a outros pensares. Não é só letra que se apresenta. 2 vozes em harmonia, um violão, a intensidade, a síntese de um pensamento de vida. E esta síntese não precisa ter significado claro, simplesmente ela consegue concretizar seus pensamentos momentanios em apenas 2 frase. Esta é a diferença do poeta e da pessoa que consome sua poesia. Se eu fosse o poeta criaria, como não sou, tento encontrar o que eu penso em versos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Santa Ignorância...

Como havia dito no primeiro post, iria ser (e fui) chamado de ignorante por não conhecer este pequeno HINO nacional....

Que eu continue sem conhecer muitas outras coisas, fazendo com que a vida não perca seu devido valor....

Amém!

Só para registro geral


A Música, ou a melodia melhor dizendo, é do italiano Tomaso Giovanni Albinoni. Ele nasceu em Veneza em 1661 e morreu em 1751. Albinoni escreveu cerca de cinquenta óperas, das quais 28 foram produzidas em Veneza entre 1723 e 1740, mas atualmente é famoso por sua música instrumental, especialmente seus concertos para oboé. Foi um dos primeiros compositores a escrever concertos para violino solo.***

*** Informações do Wikipedia e de texto citado por Vinícius de Morais no Disco Vinicius Toquinho & Bethania Ao Vivo en Fusa - Argentina

Como dizia o poeta

Vinícius de Morais e Toquinho

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

Péssima qualidade, mas foi o que encontrei: http://br.youtube.com/watch?v=Nw2TvLuptvc&feature=related

E eu que me achava esperto....


A única leitora desta joça tem razão. Que tal uma música? O problema é que não é UMA música que te inspira. Não é um bonde do tigrão que te faz pensar (ta certo que o Brasil se inspira com isso, mas eu sou metido a inteligente). Enfim, chegou mais uma música que me faz sofrer. Sofro em perceber como sou ridículo. E pior, como tem gente muito pior. Mas dos outros cuidam os outros, não eu.
MAS,
continuando minha caminhada musical iniciada ano passado, a inspiração de hoje é algo que eu não conhecia. Certamente por muita ignorância e inoperância. "Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu". Esta frase é de parar a vida!!! Da vontade de não pensar e nem mais escrever. Caralho, como um cara escreve isso? Não parece simples? Eu passo a vida inteira pensando nisso, repito toda hora, digo isso a todos e........ Nunca consegui sintetizar minha vida em uma frase. Depois dos peixinhos a nadar do mar o cara me vem com esta. Sinceramente parei. É de encher os olhos de lágrimas, é de fazer você esquecer os problemas. "Porque a vida só se dá pra quem se deu, Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu" ----------


DESISTO!!!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um mês sem escrever nada! E mesmo assim não será desta vez